Pescador é sequestrado por piratas armados na Baía de Guanabara, em Niterói

Niterói – Na madrugada da última quarta-feira (5), o marinheiro Jean da Silva Lima, de 51 anos, viveu momentos de terror ao ser sequestrado por piratas armados enquanto navegava na Baía de Guanabara, próximo a Niterói. A embarcação que ele conduzia, a lancha Carioca 4, avaliada em R$ 100 mil, desapareceu após o assalto. Jean, que presta serviços para o estaleiro Renave, também teve seu celular roubado pelos criminosos. O caso está sob investigação da Polícia Civil.


Sequestro e Ameaças

Jean foi abordado pelos piratas enquanto fazia o trajeto entre Maruí e Ilha do Viana, por volta de 0h30. Encapuzados e armados, os criminosos renderam o marinheiro e assumiram o controle da lancha, que tem capacidade para até 28 passageiros. A vítima relatou os momentos de desespero: “Comecei a gritar, pedi socorro, pedia para que não me matassem, porque tenho família, filho. E eles diziam: ‘ajoelha, ajoelha’. E assim eu fiquei: com o outro me escoltando com revólver”, contou Jean. Abandono em Ilha Deserta Após sequestrar Jean, os piratas seguiram em direção à Refinaria Duque de Caxias (Reduc) da Petrobras. Nas proximidades da Ilha Redonda, entre a Ilha do Governador e Paquetá, Jean foi obrigado a desembarcar em uma pequena ilha deserta chamada Braço Forte, onde passou horas tensas e solitárias. “Fiquei a noite toda na ilha, com muito frio e chuva. Esperei o dia amanhecer e, finalmente, um barco de pesca de madeira passou. Gritei, pedi socorro e eles vieram em minha direção”, relatou Jean, que foi resgatado ao amanhecer por pescadores.


Conhecimento da Baía e Investigações 

Os assaltantes, que usavam toucas ninja e estavam a bordo de uma lancha de alumínio, demonstraram amplo conhecimento da Baía de Guanabara. Segundo Jean, os criminosos conheciam bem a região e os equipamentos da lancha. A investigação do caso está sendo conduzida pela 78ª DP (Fonseca), com apoio da Polícia Federal e da Capitania dos Portos da Marinha do Brasil. 


Assistência ao Marinheiro

Jean, que é natural de Canavieiras (BA) e trabalha no Rio de Janeiro há cinco anos, recebeu total suporte da empresa Delima Comércio e Navegação, para a qual presta serviços. A empresa providenciou atendimento médico e psicológico após o resgate do marinheiro. “Eu espero que isso não aconteça mais, porque é horrível. Na sua cabeça vem muita coisa. Só pensava que iriam me matar e me jogar na água”, desabafou Jean.


Preocupação com a Segurança Marítima

O advogado da Empresa Brasileira de Reparos Navais (Renave), André Rebelo, destacou que os criminosos tinham um entendimento profundo de navegação, o que indica um crime premeditado. “Não era um assaltante qualquer, é um marítimo que sabia dessa rota. Foi uma coisa armada, e não de acaso. Até então, o barco não apareceu no mar. Já foi noticiado na comunidade marítima, entre pescadores, e nada”, comentou Rebelo.

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