O VELEIRO E SUAS POSIÇÕES
Contravento
No parelograma de forças acima concluiríamos que o veleiro vai derivar mais do que ir para frente. Já que a força adernante é muito maior que a força avante. Contudo isso não acontece por causa da quilha e do casco, que transformam a força adernante em um componente avante. Nem toda a força adernante é absorvida pelo veleiro, dessa forma ele tende a derivar e a adernar, o que vem a ser o mal necessário do contravento.
O contravento é uma das piores velejadas. O veleiro bate contra as ondas, com vento forte o cockpit fica molhado, o barco vive adernado e as fainas da vida a bordo ficam complicadas, cansativas e difíceis. Andar dentro do veleiro com ele muito adernado, cozinhar e realizar outras atividades se torna um desafio. Além de forçar muito o estaiamento, as velas, as escotas, as adriças, o mastro e o leme.
De um ponto ao outro, velejando contra o vento, o
barco fará um caminho em ziguezague. Não é possível, com um veleiro, velejar em
linha reta até um ponto que esteja na mesma direção do vento. É necessário
cambar em ziguezague até o local desejado – chamamos isso também de orça
forçada, onde a vela fica na iminência de panejar. Quanto melhor reguladas as
velas, melhor a orça e o ângulo máximo alcançado em direção ao vento, assim
compensamos melhor o efeito de deriva do barco. Como foi dito anteriormente, os
veleiros velejam quase contra o vento, mas nunca em direção ao vento.
Través
No través a quilha do veleiro consegue absorver quase que completamente a força adernante, dessa forma o veleiro aderna muito pouco e quase não deriva. A deriva acontece por causa das ondas que quebram no costado e pela força do vento exercida no próprio costado. Força essa que empurra o veleiro na direção do vento.
Través folgado ou alheta
Essa é a melhor posição
possível para velejarmos! A força adernante é nula e todas as forças que atuam
no veleiro contribuem para ele ir cada vez mais rápido. Nessa posição
determinados veleiros navegam mais rápido que o próprio vento. Com mar forte o
barco balança muito, mas a sensação de velocidade e a pouca água no convés
compensa esse malestar. O convés pode ficar molhado com as ondas que quebram no
costado, mas essas ondas empurram o veleiro para nosso destino.
Popa-rasa
Essa sem dúvida é a pior situação para o velejador. O fluxo de vento não acontece e o barco só é impulsionado pelo vento que recebe pela popa, o barco é literalmente empurrado para frente. O fluxo de ar é barrado pelas velas gerando um enorme vácuo a sotavento. As velas não funcionam mais como uma asa e perdem seu efeito aerodinâmico.
Na prática existem três possibilidades para a regulagem das velas:
1. Muito folgada – Nesta condição, ou as velas estão muito mais distantes da linha proa-popa da embarcação do que deveriam ou o barco está sendo timoneado muito próximo da linha do vento. O resultado é que o fluxo de ar se “quebra”, particularmente no lado externo da vela (sotavento), e a valuma da vela bate (paneja).
2. Corretamente trimada – Aqui as velas estão trabalhando com eficiência máxima, o fluxo de ar não é interrompido nem quebrado.
3. Muito caçada – Esta é a pior situação, quando as velas estão mais próximas da linha central do veleiro do que deveriam ou o barco está sendo timoneado muito longe da linha do vento. Neste caso as velas produzem pouca força avante e uma overdose de força adernante, o barco carangueja, aderna em demasia e sofre um stress desnecessário para o qual ele não foi projetado. Para evitar que isso aconteça é sempre bom dar uma folgada nas velas para checar se elas não estão muito caçadas.