PROEIRO
Marinheiro que vigia a proa do navio, ah…se fosse tão simples assim!!!
Sujeito que tem de combinar a agilidade de um macaco com a força de um elefante, a vista de um gavião, o ouvido de um morcego, a resistência de um bambu cortado em noite de luar; deve possuir o pescoço de uma girafa (para poder enxergar em volta da genoa os barcos que navegam a sotavento) e a capacidade de respirar embaixo d’água.
São preferidos os que possuem costas largas para fazerem as vezes de bode expiatório e que tenham quatro ou mais braços, com as respectivas mãos, estas delicadas – tipo parteira – para desatar nós criminosamente atados por tripulantes e imediatos de meia tigela.
Deve saber torcer o pescoço horas a fio, sem descansar, para caçar a genoa na hora de rizar a vela no escuro; deve possuir um certo peso, e ao mesmo tempo ser leve e ágil para subir rapidamente ao mastro. Sua carne deve ser curtida e insensível a fim de lhe permitir deitar em olhais e escotas, seu olfato deve ser aguçado e sentir o menor sinal de vazamento, mas sem frescuras e poder dormir até mesmo numa banheiro de óleo diesel.
Tem que estar sempre pronto para seguir cegamente todas as ordens que soam do cockpit, tem que entender os gestos do comandante, saber que cada comandante tem seu próprio vocabulário e que nem sempre é preciso completar uma frase inteira para que a ordem seja realizada. Tem que ter vontade própria e realizar todas as tarefas a bordo, saber cozinhar, saber mergulhar, costurar uma vela.
É a função mais dura do veleiro, mas aquela onde, quem sai vitorioso, sai um pleno comandante de sua embarcação!